sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Apostar nos Cuidados de Saúde Primários

SNS Hospitais e PCP querem aposta nos centros de saúde

Os administradores hospitalares e o PCP defenderam hoje uma maior aposta nos cuidados de saúde primários para que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) responda mais eficazmente às necessidades dos portugueses, aliviando simultaneamente as urgências hospitalares.
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Hospitais e PCP querem aposta nos centros de saúde
Lusa
Este consenso resultou de uma reunião pedida pelo grupo parlamentar do PCP à presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, Marta Temido.
No encontro, cujo intuito era discutir os problemas estruturais do SNS, foram lembrados episódios recentes em serviços de urgência hospitalares que mergulharam no caos, com sobrelotação dos serviços, longas horas de espera, macas nos corredores e falta de camas de internamento.
No final da reunião, Marta Temido explicou que procurou "dar a visão dos administradores hospitalares daquilo que são as causas dos problemas que têm surgido" e que considera não serem apenas casos pontuais.
"Há uma série de episódios que a todos preocupam, mas sabemos que não são apenas situações episódicas e estamos envolvidos em discuti-los, chegar às suas causas e resolvê-los ou propor soluções", sublinhou.
Entre todas as causas que podem estar a contribuir para as "disfuncionalidades" - recursos humanos, formas de contratação, exclusividade de algumas profissões de prestação direta de cuidados ou financiamento hospitalar -, a responsável destacou a necessidade de "reforço de cuidados de saúde primários".
Considerando que são várias as "áreas em carência e em que é necessária reestruturação", Marta Temido salientou que "o grande acordo [com o PCP], em termos de opinião, foi o aspeto da necessidade do reforço dos cuidados de saúde primários e permitir que através da sua reestruturação, todo o SNS seja reforçado e responda mais eficazmente às necessidades assistenciais dos portugueses".
Convergindo com esta ideia, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, considerou que existe atualmente um "problema de distorção" em relação aos cuidados de saúde primários, que em termos médios deveriam resolver 70% dos casos e 30% deveriam ser resolvidos nos hospitais.
"Há aqui uma inversão: hoje 70% dos casos são resolvidos nos hospitais e 30% nos cuidados de saúde primários, o que resulta de políticas de desmantelamento de serviços de saúde, de abandono do interior particularmente, com toda a sobrecarga que resulta em termos hospitalares", afirmou.
Jerónimo de Sousa destacou também os problemas de subfinanciamento do SNS, em especial dos hospitais e os problemas que resultam da redução drástica do número de médicos e de enfermeiros, mas salvaguardando a prioridade que deve ser dada aos cuidados de saúde primários.
"Quisemos ouvir uma opinião avalizada da associação dos administradores hospitalares, e verificou-se a convergência desta ideia central de que o Serviço Nacional de Saúde se defende com base nesta alteração, nesta rutura que é preciso fazer com este caminho de abandono dos cuidados de saúde primários", afirmou.

Em defesa da prestação de cuidados de saúde!